sexta-feira, 21 de novembro de 2014

"A doce amiga", e um fragmento de Safo ( à uma mulher amada )


Minha doce amiga 
Tua boca me alicia e me prende
Enfeitiçando-me, me domina 
Me entrego ! 
Teus desejos são ordem.
Me devoras por inteira; te devoro também !
Me perco em teu corpo - quente....delicioso !
Me embriago em teu licor. 
Provo teu veneno sem no entanto desejar antídoto. 
Assim posso morrer nos teus braços. 
Mas de prazer...
...sentir o teu cansaço, 
Sentir teus seios salientes em minha pele. 
Deixe-me afogar nos teus delirios. 
Deixe-me mergulhar nos teus beijos. 
Deixe-me beber de tua fonte - abundante !
Escravizo-me em tuas paixões no espaço curto de uma noite,
Mas não quero fugir deste cárcere. 
Presa me vejo no laço de tua torre, 
No teu castelo de malícias. 
E nele, rainha absoluta, tu imperas. 

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Safo - à uma mulher amada

Ditosa que ao teu lado só por ti suspiro! 
Quem goza o prazer de te escutar, 
Quem vê, às vezes, teu doce sorriso. 
Nem os deuses felizes o podem igualar. 

Sinto um fogo sutil correr de veia em veia 
Por minha carne, ó suave bem-querida, 
E no transporte doce que a minha alma enleia 
Eu sinto asperamente a voz emudecida.

Uma nuvem confusa me enevoa o olhar. 
Não ouço mais. Eu caio num langor supremo; 
E pálida e perdida e febril e sem ar, 
Um frêmito me abala... eu quase morro ... eu tremo.




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