sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Coliseu




Ainda se erguem altas
As paredes nuas e frias do coliseu
Tão altas ainda se erguem !
Mas no atual mutismo de seus escombros
Não mais se ouve o vozerio da turba, o rosnar da fera.
Não mais se vê o soldado embriagado – indiferente.
O torpor de morte – o gladiador vencido.
Sons e imagens ficaram naqueles dias distantes.
Não se perpetuaram.
As paredes envelheceram;
Nossas memórias se anestesiaram.
Sob o véu dos séculos se escondem nossas culpas.
Não ressuscitamos tais fantasmas,
Eles jazem sepultos no subsolo deste túmulo que antes foi circo.
Mas revejo num quadro mental:
Carruajens elegantes,
Patrícios em festa,
O povo à espera dos portões que se abram,
O comercio improvisado ao redor.
O orgulho levantado bem alto – como os muros do coliseu.
A metrópole dos Césares despertava cedo para a festa !
Jogos, pasmo, sangue e morte.
Nossos olhos atentos
Entre pasmo e êxtase selvagem
Assistiam aos espetáculos
Ao gladiador agonizante e à fera acossada.

E em nossa marcha humana
Tantas vezes encontramos a violência, o terror,
E viemos de encontro ao presente.
Reencontramos esses muros
Falando de antigas glorias que agonizaram
No campo das lutas humanas.
Muros fantasmas – fantasma de nós mesmos.
E nossos olhos daquele tempo – hoje já desintegrados
Revivem hoje em espírito,
E seguem adiante conosco, tentando esquecer o passado;
Projetando o futuro.


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