A Harpa.
"Entramos. Ambiente simples e acolhedor. Móveis quase idênticos aos terrestres; objetos em geral, demonstrando pequeninas variantes. Quadros de sublime significação espiritual, um piano de notáveis proporções, descansando sobre ele grande harpa talhada em linhas nobres e delicadas." ("Nosso Lar" - André Luiz - Cap. 17)
Retorno ao Nosso Lar,
Volto à infância, venho em visita ao passado!
Encontro ainda a mobília simples
E quadros na parede como janelas,
Abertas à paisagens divinas - parecem inundar de luz o ambiente.
Há também um piano, e sobre ele, uma harpa.
A Harpa!
Instrumento atemporal - presença incômoda!
- me Leva de volta à uma época ainda mais distante, - ainda mais recuada !
Lembranças adormecidas na minha casa mental !
Tenho medo de tanger a harpa !
Fazendo vibrar suas cordas poderei ouvir um som que me faça tremer,
E recordar qualquer coisa longínqua,
Mescla de pesadelo e doce sonho.
Tenho medo de recordar caminhos esquecidos,
No som de um instrumento que não perdoa passados,
Qualquer coisa de escuros passados !
Alma culpada,
Temo que meu passado se exponha como quadros na parede.
Mas, que alegria: aqui eles são, em verdade,
Imagens de caminhos abertos ao infinito.
E uma luz branda e branca
Em forma de vulto
Convida-me a seguí-la.
Será um anjo que há muito me espera?
Deus mesmo em humana silhueta?
"O passado não importa" - diz o vulto -,
"Para a alma redimida na escola do pó da carne !"
Mas ainda assim tenho medo de tanger a harpa.
Janelas abertas, quadros vivos, de luz inundando o ambiente,
Ampliando veredas para o infinito - janelas divinas !
Dentro do recinto, a mobília simples, o piano, a harpa - o passado!
Lá fora, o futuro!
Onde aquele Ser, de branda e branca luz, me sorrir, e me abre os braços amigos.
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