sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Nosso Lar (Poema "A Harpa" digitado sob o video)



A Harpa. "Entramos. Ambiente simples e acolhedor. Móveis quase idênticos aos terrestres; objetos em geral, demonstrando pequeninas variantes. Quadros de sublime significação espiritual, um piano de notáveis proporções, descansando sobre ele grande harpa talhada em linhas nobres e delicadas." ("Nosso Lar" - André Luiz - Cap. 17)

Retorno ao Nosso Lar, Volto à infância, venho em visita ao passado! Encontro ainda a mobília simples E quadros na parede parecendo janelas, Abertas a paisagens divinas - parecem inundar de luz o ambiente. Há também um piano, e sobre ele, uma harpa. Instrumento atemporal - presença incômoda - me Leva de volta à uma época ainda mais distante, - ainda mais recuada ! Lembranças adormecidas na minha casa mental! Tenho medo de tanger a harpa ! Fazendo vibrar suas cordas poderei ouvir um som que me faça tremer E recordar qualquer coisa longínqua Mescla de pesadelo e doce sonho. Tenho medo de recordar caminhos esquecidos no som de um instrumento que não perdoa passados, Qualquer coisa de escuros passados ! Alma culpada, Temo que meu passado se exponha como quadros na parede. Mas, que alegria: aqui eles são, em verdade, Imagens de caminhos abertos ao infinito. E uma luz branda e branca Em forma de vulto Convida-me a seguí-la. Será um anjo que há muito me espera? Deus mesmo em humana silhueta? "O passado não importa" - diz o vulto -, "Para a alma redimida na escola do pó da carne!" Mas ainda assim tenho medo de tanger a harpa. Janelas abertas, quadros vivos, de luz inundando o ambiente, Ampliando veredas para o infinito - janelas divinas ! Dentro do recinto, a mobília simples, o piano, a harpa - o passado! Lá fora, o futuro! Onde aquele Ser, de branda e branca luz, me sorrir, e me abre os braços amigos.

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